"Embora seja o 4º
ano da Coleta aqui em Macapá-AP, este ano,
particularmente, foi bem diferente pra mim, pois com a adesão de
mais dois supermercados fui coordenadora
de um deles. Participei todos os anos
passados, mas aquele frio na barriga e a tensão dos preparativos pra que tudo corra bem sempre me põe diante
da minha liberdade e do desejo que em
todas as coisas Ele se faça presente. O corre-corre durante o dia da coleta, a preocupação com a
abordagem e até mesmo as grosserias e
indiferença de muitos não me cegaram diante do gesto de certas pessoas como a senhora de cadeira de
rodas que, saindo do supermercado com
suas compras, ao nos ver lembrou da doação. Devido a sua dificuldade de locomoção, entenderia que
ela se desculpasse e fosse embora mas,
ao contrário do que eu imaginei, ela deu meia volta em sua cadeira de rodas e foi comprar os alimentos
da lista para fazer sua doação. Outro
fato que me chamou atenção foi outra senhora conhecida pelas ruas pelo fato de estar sempre pedindo
ajuda. Muito franzina e com duas
crianças segurando em suas mãos, entrou no supermercado e, ao sair com uma única sacola de compras, tirou dela
dois kilos de alimentos e doou... quase
tudo o que ela tinha! Fiquei comovida... Senti-me pequena diante daqueles gestos. Gestos que me fazem
querer descobrir mais da minha
humanidade, que me trazem a certeza de que eu sou Tu que me fazes todos os dias."
"Para mim a grande beleza da coleta não está de fato na quantidade de alimentos que arrecadamos, mas no desafio de nos lançarmos propondo aos outros, antes da coleta, o serviço de voluntariado, e no dia, a abordagem dos clientes, pois sou sempre eu diante daquelas pessoas propondo algo que já acontece para mim e isso torna todas as coisas muito mais fáceis e põe abaixo qualquer pretensão minha de achar que as coisas acontecem pela nossa capacidade de convencimento das pessoas. De fato, fomos olhados por Cristo e qualquer coisa que façamos só tem sentido se for para dar testemunho dessa grande graça."
Claudia Figueiredo